“OURO DO MEDO”

Extraido do meu livro "o papa risos"

Valdemiro Mendonça

Aí amigos eu de novo, mas, não vou pedir desculpas desta vez.

Eu nunca fui e jamais serei um ateu. Creio! E o faço com coração,

Convicto de existir uma grande força do bem que criou todo este complexo que é o universo, uma força que pode se chamar Deus.

Neste Deus eu creio, por que este é o Deus que criou os homens!

O Deus que não consigo aceitar, é o Deus que o homem criou.

Se o trovador está louco? pode ser, mas, meus amigos. Eu vi um pai chorando mais ou menos estas palavras. Eu apenas estou aqui escrevendo bem mais do que ele falou, mas, isto: muito menos do que ele chorou! Ele chorou sua dor, a razão da sua dor tinha nove anos. Por um momento de luxuria um animal, uma fera hedionda, forçou, usou e lúcido. Para não ser descoberto, a matou.

Já aconteceu a mais de um ano. Eu estava num bar tomando uma cerveja, ele chorava bêbado e entre soluços, xingava os céus e os deuses. O dono do bar me contou a história, estou ajudando aquele pai a xingar, se quiserem podem me xingar também e dizerem que eu estou errado. Não importa.

Mas se quiserem podem me ajudar a xingar, pelo: “senhor velho” Disseram-me que ele apareceu morto numa rua perto do bar, pode ser que ele agora esteja xingando mais de perto. Ou... apenas dormindo.

UM POEMA TRISTE

Ouro do medo.

Valdemiro Mendonça

Olho para uma miríade de estrelas e tento adivinhar qual é você? São tantas e em tantos lugares no espaço, que eu me desespero e culpo-me por não saber qual delas está piscando para tentar dizer: sou eu, aqui ao lado desta maior, sou eu, esta dos raios dourados.

Mais uma noite dormindo ao relento depois de mirar e perguntar a cada uma das estrelas do céu. Sabendo que eu apenas veria corpos brilhantes sem ter respostas a qualquer das minhas tolas e desesperada perguntas, tentando saber por que um homem que teve fé, que acreditou com todas as forças, nas promessas da força existente de um senhor poderoso e bondoso capaz de me atender quando eu dele precisasse. E bastaria apenas, que eu pedisse com muita fé.

Milhares de vezes gritei ao vento, por que eu fui o escolhido? Perdi a conta de quantas vezes, debruçado no chão, golpeei com os punhos fechados a terra sem culpa das minhas mazelas, molhando o chão com lágrimas de ódio saindo do âmago de uma alma ferida que se recusa a sustentar no corpo a própria vida como a vingar-se dos deuses, cruéis ou então incapazes. Ou ainda apenas mentiras de mentes satíricas que sugam com o terror, o ouro do medo de há muito incutido na mente do crédulo. “Mentiras que viram verdades”.

Durante toda minha vida me venderam estes deuses que eu ainda pago com juros de prestações vencidas. Pois comprei um pacote fechado pensando em rica herdade para os rebentos meus.

E olho para a desigualdade tanto no campo como na cidade onde os cordeiros da fé, desta mesma fé que jamais se abalou e vivem vomitando e comendo o bendito pão de jiló, que o diabo amassou.

E as crianças que comem lembranças do caldo de ontem que hoje não têm! E a pobre mãe com suas muxibas que chama de peito, na boca da cria que não tem nome e nem leite para sugar e vai sugando a vida enganando a fome, esperando a morte chegar.

Em tantas mazelas e tantas tristezas talvez eu não tenha direito de reclamar, mas, nas mágoas doídas das dores sentidas eu mesmo sem direito, volto a perguntar; por que eu coitado, tão fiel,

paguei o preço do céu, estou pagando de novo o preço reajustado?

Por que levaram de mim o bem mais precioso que tive na vida? Sendo ela tão jovem, eu já sendo tão velho, e daria de bom grado um resto de vida, daria ainda a tal sobrevida e a tal de eternidade. Para saber que ela estaria aqui, para viver uma vida que ainda não tinha vivido. Alegremente teria partido sabendo que ela iria viver.

E agora? Eu paguei pelos deuses, não os quero mais. Vou vender. Quem quer comprar? Vendo baratinho. Aí, você que sai de porta em porta vendendo deuses, estou vendendo os meus, comprem os meus, é bom negócio poderão revender e ganhar dinheiro eu não quero mais! Eles não fazem nada de bom, eles deixam as crianças morrerem, eles deixam que o mais fraco seja pasto do mais forte.

Eles deixam os malditos mandantes sentarem suas bundas gordas nas cadeiras dos mais ricos palácios e de lá sugarem até o sangue destinado aos doentes, beberem o leite que seria para as crianças e roubarem o ovo da marmita do trabalhador e tirarem o pouco de vida dos velhos roubando seus direito tão duramente conquistados numa vida de trabalho.

Para que servem os deuses, se premiam os maus e penalizam os infelizes dando-lhes mais sofrimentos? Vida após a morte? Provem! Por que tenho que acreditar neles, se eles não me dão qualquer crédito? Por que todas as barreiras e tabus foram quebrados e deuses sobrevivem, preciso responder?

Por que as pessoas não vendem as almas para o diabo. Suas almas já pertencem ao demônio, elas as vendem para os deuses e ele mantém as diferenças, cinco por cento de ricos, quinze por cento de lideres, que se vendem para fazerem parte dos cinco por cento ricos, quinze por cento donos de bois vivos e sessenta e cinco por cento de carne de açougue, para alimentar os deuses e todos os comparsas que os mantém vivos.

E aí... Olha a venda de deuses, quem quer comprar, um e três e dois é cinco, vendo no cheque pré-datado, facilito em três vezes dou garantia de dois milagres, quem vai querer, está acabando só tenho mais quarenta, deuses jovens e sadios, compre um Deus velho e tenha certeza da sabedoria. Aí... acabou de chegar um lote de deusas, todas milagrosas, quem vai querer?

É... está fraca a venda, parece que não sou o único que está desacreditando, tem mais gente desconfiada.

Trovador. “Muito brabo”.

Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 03/05/2012
Reeditado em 03/05/2012
Código do texto: T3647262
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