ECLÍPSE
Da escuridão surge a velhice.
Resignada.
Enrugada.
Arrastando suas sandálias de tiras
enquanto o coração,
indagando pelo louco anjo que nos habita
indagando pelo louco anjo que nos habita
entoa seu canto de cisne.
Não tem flores na minha janela...
Penduro os sonhos num cabide
e me ajoelho diante da minha imagem
no espelho quebrado.
no espelho quebrado.
Não há o que proclamar!
Bizarra é minha imagem.
Inerte e fria
sem sorriso
sem crenças
notificando a indiferença
se poe a rasagar os caprichos e
limpa da boca o batom.
limpa da boca o batom.
Tudo é tão cinza e enfadonho...
Absurdamente enfadonho!
Já não me lembro de mim
me perdi em alguma esquina
enquanto decorava a intensidade de viver.
Queria dormir...
Rubras são as poesias
que ardem nessa minha dor que não tem nome
e mesmo assim me ferem.
Ontem a terra gemeu e cuspiu fel
marcando o semblante do incrédulo
que apenas se oculta olhando-me.
que apenas se oculta olhando-me.
Ama-me?!
Não! Apenas olha-me contra o horizonte tingido
dessa mórbida doçura
enquanto o meu sangue escoa lentamente
trazendo-me o gozo da tontura
de morrer assim,
exilada.
Talvez seja meu melhor momento
meu melhor tormento
a delicia de amar
e o abandono de procurar a cura
que não existe.