INDIGESTÃO
O meu nu sobre os lençóis
Céu riscado com nanquim
A versar cios na noite...
Nada sei de mim, do mundo
Meio ao vórtice infecundo
Sou só nada em meio ao tudo.
Grito agudo e estridente
Nada diz do que eu sinto
Tão somente me incomoda...
Roda a folha meio ao vento
Em repouso e sonolenta
Já desligo deste transe.
Range a porta da garagem
Já me veste outra roupagem
Bem comum, entre os mortais...
A coluna dolorida
O olhar ardendo em brasa
Como vou voltar pra casa
Se não sei onde ela fica?
Se na imagem que desenho
Neste céu sereno e azul
Ou no mapa do Japão...
Vou e volto em desconcerto
Não me acho em condição
De seguir sob a deriva...
Salto ao mar, descontração
Me socorra ou quebre a cara
Salto sem qualquer razão.
E de mais já não me atrevo
Que sei bem que forniquei
Sugerindo algum tesão.
Mas recuso a sugestão
A sentir indigestão
E não quero me alongar...