INDIGESTÃO

O meu nu sobre os lençóis

Céu riscado com nanquim

A versar cios na noite...

Nada sei de mim, do mundo

Meio ao vórtice infecundo

Sou só nada em meio ao tudo.

Grito agudo e estridente

Nada diz do que eu sinto

Tão somente me incomoda...

Roda a folha meio ao vento

Em repouso e sonolenta

Já desligo deste transe.

Range a porta da garagem

Já me veste outra roupagem

Bem comum, entre os mortais...

A coluna dolorida

O olhar ardendo em brasa

Como vou voltar pra casa

Se não sei onde ela fica?

Se na imagem que desenho

Neste céu sereno e azul

Ou no mapa do Japão...

Vou e volto em desconcerto

Não me acho em condição

De seguir sob a deriva...

Salto ao mar, descontração

Me socorra ou quebre a cara

Salto sem qualquer razão.

E de mais já não me atrevo

Que sei bem que forniquei

Sugerindo algum tesão.

Mas recuso a sugestão

A sentir indigestão

E não quero me alongar...

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 22/04/2012
Reeditado em 24/03/2014
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