“A ESPERA DA MARÉ”
Valdemiro Mendonça
Esperando uma maré cheia
Preparei-me e devo zarpar,
Pois o canto triste da sereia
Ouço ao longe me chamar.
Ouvi um lamento no canto
E as notas tristes me calam,
Não é mais de doce acalanto,
Os versos que me embalam.
Puxo a corda da vela mestra,
O Bergantim range a madeira!
O som é de lúgubre orquestra
De uma saudade verdadeira.
Saudades do vulto e beleza,
Que alegram meu Bergantim.
Creio que percebe a tristeza
Que ancorou dentro de mim.
Por isto sob um manto azul
Deixamos os mares do norte,
Navegamos em ventos do sul
Em busca da minha consorte.
Trovador