Diga
Nem posso olhar para o lado
Sempre te vejo calado
E minha alma se entristece
Cadê as letras prometidas
A carícia do vento no passeio
Minha agonia agora veio
Tormentas, devaneio
Horas tortuosas e frias
Falta o beijo da brisa
O sorriso irônico do destino
Falta tua voz de menino
No meu ouvido a dizer
Coisas de desatino
Que eu gosto tanto de saber
Diga os poemas de outros
Me conte tuas andanças
Teus beijos espalhados por aí
Não são meus, mas quero sabê-los
Nem me importo se vens inteiro
Curo tuas feridas com a rouquidão
Da voz que canta a música crua
Antigas baladas de solidão
Nada escuto nem vejo
Onde coloco o desejo?
No vácuo intenso da solidão
Meu coração responde
O que eu não quero saber
Diz que nunca existiu
A noite que me fez viver.