Diga

Nem posso olhar para o lado

Sempre te vejo calado

E minha alma se entristece

Cadê as letras prometidas

A carícia do vento no passeio

Minha agonia agora veio

Tormentas, devaneio

Horas tortuosas e frias

Falta o beijo da brisa

O sorriso irônico do destino

Falta tua voz de menino

No meu ouvido a dizer

Coisas de desatino

Que eu gosto tanto de saber

Diga os poemas de outros

Me conte tuas andanças

Teus beijos espalhados por aí

Não são meus, mas quero sabê-los

Nem me importo se vens inteiro

Curo tuas feridas com a rouquidão

Da voz que canta a música crua

Antigas baladas de solidão

Nada escuto nem vejo

Onde coloco o desejo?

No vácuo intenso da solidão

Meu coração responde

O que eu não quero saber

Diz que nunca existiu

A noite que me fez viver.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 12/04/2012
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