O Peso da Alma

Podem roubar tesouros que façam os olhos luzir

Tirar o mundo e todos os pertences alheios

Levar com eles os sonhos que cada caixa continha

Fiquem com eles e ide seguir vossa vida

Porque com o peso da alma eu fico!

Circundem-se de todos os bens materiais

Façam as lágrimas caírem dos rostos

Apunhalem os corações de quem age com fé

Retirem tudo de todos os espaços

Remexam no íntimo de coisas queridas

Ide para onde quiserem ir

Porque com o peso da alma eu fico!

Perturbem o espaço e abanem os alicerces

Eles são forte eu sei que resistem

Fizeram-nos rastejar para apanhar as migalhas

Os restos que tão brutalmente levaram

Sei que a felicidade de conquistar cada fase

Fica guardada nas caixas que encontrei vazias

E com o peso da alma eu fico!

Rasguem as pequenas e simbólicas manifestações

Podeis crer que as recordações persistem

E num espaço perdido eu temo

Que sem fé ireis caminhar para o abismo

Nas marés de um mar revolto

Vão para a lenha da fogueira

Ardei com as ervas daninhas

Sóis a mesma desgraça

Ide porque com o peso da alma eu fico!

Mesmo que tudo se perca

Isso é apenas matéria

Incorpórea

Insensível

Temporal

Sem substância

Inerte

Levai porque com o peso da alma eu fico!

Virem gavetas e remexam a casa

Destruam as arcas e o que elas contêm

Partam em paz e não levem nada mais

Deixem-nos a alma e o coração

A esperança assente numa vela

Os valores resistem ao choque

Implacáveis face à brutalidade dos vossos actos

Magnânimes quando comparados com o procurais

Voltai as costas e ide

Levais muito

Vossos bolsos estão cheios

Não regresseis

Por favor levai convosco

A sombra das trevas

Com o peso da alma eu fico!

Sonya
Enviado por Sonya em 06/04/2012
Código do texto: T3597940
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