Nada ficou no lugar

Juntando toda caminhada

Os frutos que apanhei no caminho

A doçura que bebi do vinho

A saliva que colhi da boca perdida

O colo que ganhei na noite escura

Nada mais ficou no lugar...

Nem mesmo a confusão que reinava

Perdi o trem naquele dia inteiro

Afundei o navio e não voltei ainda

Naufraguei naquela ilha efêmera

Insólito caminhar de pedras e rios

Ancorei no meu refúgio interno

Tentando me salvar do inevitável

Nada mais ficou no lugar...

Só eu, eu ainda estou lá

Negando a existência

De um novo amanhecer.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 02/04/2012
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