A Doida
Reedição:
A doida
Vai fingindo que é pra ela
O beijo do beija-flor
Se sente numa aquarela
Quando vê grande pintor
A música ouve e pensa
Que é seu o compositor
Veste seu corpo nu
Com a brisa e o ar
Passa diante do poeta
Só pra ele se encantar
Sua boca rubra e macia
Fala coisas sem sentido
Numa hora de loucura
Tatua o próprio umbigo
Coloca letras no varal
Para o vento balançar
Entrega-se sem censura
Sem saber sequer amar
Mas o poeta não quer motivo
Para assim se apaixonar
Foi assim que a pobre doida
Encontrou com Cervantes
Montou em seu cavalo
Seguindo um doido errante
E assim seguiu viagem
Dentro do peito a certeza
Gritava de tanta vontade
Que queria do peso a leveza
A doida seguiu feliz
Entre sonhos e fantasias
Hoje compõe canções
Versos e poesias