DAR AO CORPO O QUE É DO CORPO

(A ALMA AGRADECE)

Das lágrimas não vertidas

fizeram-se nuvens pra chover

e em não chovendo

o céu ficou encoberto

de impossibilidades derradeiras

Existem amores

que são temporais apenas anunciados

vontades não paridas

súplicas jamais ouvidas

chamas que ardem

em altar pagão

De joelhos diante dele

os olhos bebem

imagens de pés de barro

entopem- se as narinas

do odor de velas

de mortiças chamas

afundam-se as carnes

em fugidios genuflexórios

para a divindade

estátua fria que

não se fez corpo

nem desejo

Existem amores assim

cuja nascença e fim

são apenas verdades

das nossas mais

patéticas carências

Vade retro!

Levanta- te e anda

paralítica visionária

de ilusões falidas

teu corpo pede passagem

dá a ele a felicidade

que merece!

Ah que aquela lagoa

tão azul lavou

meus pecados

e tirou o ranço

de tragédias curtidas

o sol temperou minha pele

renasci como fênix

sentada naquela pedra

num fim de tarde

Faça-se a vontade

dos meus mais

profundos clamores

renasça a criança

sufocada

nesta outra nova mulher

para o que der e vier!

(Amém...)

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 19/03/2012
Reeditado em 20/03/2012
Código do texto: T3564296
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