CORAÇÃO DE PEDRA
Vou dizer àquela pedra
que ela muito dura pro meu dedo cabeçudo
e ainda vou pedir a ela
pra quando eu tropeçar
não rir e implorar ao tijolo pra ficar mudo.
Mas se eu precisar bater concreto,
não me acanho nem arranho,
pego os cascalhos desse entulho
e a massa viro muro.
Penero a procura da areia,
haja força e sangue na veia.
Sacudo tudo com isso,
e falam que alma não tem serviço.
E se depois de erguido,
proteção ou escondido,
no barracão mora alguém querido.
É encontro arquitetônico de sentimento repartido.