SANGUE NEGRO

Dos fósseis que te habitam

Quero extrair

Teu líquido precioso.

Disputado, desejado

Atraente.

Todos em volta movendo-se,

Por você.

Líquido quente

Nem sempre disponível

Às vezes intangível

Querendo se esconder.

Mas sei manipular meu aparato

Constato

Quando é o ponto exato

de sondar.

E sondo a fundo.

Aprofundo

Invisto

Perfuro

Persisto

Conquisto

Te faço jorrar.

E vejo teu poço aberto

Incerto, por quanto durar.

Sustenta meu mundo de agora

Pois sei que é finito

Que pode acabar.

Não quero estar aqui sem você.

Delego essa angústia a quem possa

E queira pensar.

Nego

Entrego

Assumo

A ausência de rumo.

(Não sei que será)

Talvez restem apenas insumos

E sonhos e prumos

Quando você,

que um dia avisara,

Enfim se esgotar.