Todo o tempo

Ainda ontem eu pensava neles e relembrava o passado

O tempo e algo engraçado

Só um livro grande de historias antigas e inéditas

Só uma viagem

Ainda ontem eu lembrava de outrora

Já faz tanto tempo assim?

Desde que passei os dias as margens de um rio

Que era lento?

E tardes com livros a beira do mar

Aqueles dias ainda estão vivos e voltam às vezes

Como se fossem alguma crise insone

A bem da verdade tudo volta

O carrossel da vida não pode parar

E diverte-se em lançar Le coisas na cara

Alguma coisa amarga

Talvez um vicio antigo

Ou um temido segredo

Eu tenho muitos

E será que já faz tanto tempo assim?

Desde quando isto importa?

Desde quando eu me permito à saudade?

E fácil visitar o passado

Só que machuca às vezes

Eu revejo minha briga no campo

Minhas tramoias na infância

Quando tudo era questão de manter-se longe

Algumas noites a espreita nas esquinas

Achando as coisas perfeitas

Tudo volta agora

Parecendo balas que ricocheteiam

Tanto medo e tanta covardia

Um patético garoto tentando se enquadrar

E chorando a noite na penumbra do quarto

Você pode entender do que estou falando?

Eu falo de heróis e mitos

Eu falo de medos

E dores corajosas

Eu falo de meninas e inimigos

Eu falo de apostas e segredos

Falo de descobertas

Falo de vida

Não da para saber ate aonde vai

Ou como e que tudo funciona

Talvez eu tenha uma função neste mundo

Quem sabe as coisas não se resumam a um propósito

Alguma ideia cretina que virou o enredo da minha vida

Meu próprio talk chow de perguntas sem respostas

Afinal ainda ontem eu estava em paz

Estava melhor

E agora... agora o passado vem me contar que não esta morto

Só quieto e a espera

Como eu ele não tem pressa

Não há como fugir disso

Mas quanto tempo faz?

Há quanto tempo deixei que amigos preciosos se fossem?

Para onde terão ido?

Há quanto tempo fechei os olhos para as injustiças e me aliciei a elas?

Será que estou realmente arrependido?

Será que isto e poesia?

Prefiro não pensar demais no assunto

Deixar velhos fantasmas no limbo escuro do tempo

Fechar os olhos e sentir a brisa

Ouvir os murmúrios do mundo

Que continua ai, contando historias e expondo pessoas.

E o que somos no final

Apenas alvos pra se abater a tiros

Apenas manchas na pele do corpo maior

Só assim pra nos sentirmos uteis

Nos iludirmos que fazemos parte de algo maior

Que no final há uma recompensa

Quanto tempo se passou desde que parei com isto?

Acho que mais do que e conveniente lembrar

Quantas perguntas ainda ficarão sem respostas?

Quando e que o tempo acaba e a gente desaparece?

Vamos a algum lugar depois?

Um vale de ramos silvestres e animais dóceis

Uma terra de rios cristalinos e frutas prodigiosas

Uma mata generosa

E chegaremos La cansados e confusos

Não mais do que estivemos a vida toda

Sorridentes iremos desfrutar as delicias desta terra

Ate tomarmos ciência de que nosso tempo acabou

Por isso estamos ali

E quando foi isso?

Que erro teremos cometido?

Há quanto tempo aconteceu?

Mas já não há volta

Não há saída do mar de rosas

Só uma historia nos será contada

Por um ancião de longas barbas

Ele nos dirá que a morte veio de braços abertos e nos

A abraçamos

Trocamos com ela um beijo

E dirá não se assustem nem recriminem

Eu sabia que iria ser assim

Todo o tempo.