"...e vi então o céu se abrir  entre  lágrimas e chuvas, agora,  sou rio que corre sempre ao seu encontro."  

VESTÍGIOS DO TEMPO


Um lugar onde não há mais portas
Existem ainda quadros
Com olhos abertos
Mas natureza morta
Nas escadarias  onde passos não se ouvem
Onde luzes não se acendem
Onde paredes são surdas e mentem
Cada teia que me aparece
Em véu te vejo em altar
E quando o silêncio toca em marcha
Não se trata de sonho
Mas de medo necessário;
Caminho então lentamente
Em leves passos  inocentes
Aplaudido pelos camundongos
Ovacionado pelo vento que vem  das rachaduras
Venerado por uma única luz do lado de fora;
De joelhos então  neste chão feito pó
Prostro-me num sim  de lágrimas
Absorvo  o momento
Confesso meus sentimentos
E despeço-me   tão brevemente
Pois de sal são as estátuas
E doce ainda meu coração
O pouco que me resta
é o que em segredo guardo
em meus dedos  um nó de lembrança
um dó de criança
um chamado lá fora
a sombra que sobre mim recai
a maneira  a mania e o caminho
são  presentes desse estranho ritual
onde não há o bem nem o mal
onde não há vidas, sentimentos , carnaval
mas existe sim algo atrás daquelas montanhas
que em saudades carrega
em pensamentos
até que as portas se abram
e que sequem minhas  lágrimas
e que meu coração
lá fora, entre o verde e a realidade,  possa
de novo bater.
Darío Junior
Enviado por Darío Junior em 10/03/2012
Reeditado em 25/03/2019
Código do texto: T3545693
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