Dualidade que mata
Se te mata essa dualidade
Me assusta tua presença
Sacode meu vestido
E chega pra lá meus medos
Minha respiração se faz ouvir
No sombrio da solidão noturna
Minha rouca voz te assombra no desejo
Nem minha boca tocou a tua
Nem as mãos ainda se tocaram
Imagina o vendaval do momento
Antecipando o encontro único
Insano, louco, temido
Não temos o direito de roubar a cena da noite
Nem tão pouco a beleza do instante seguinte
Não é nossa essa história inventada
Ainda sinto o cheiro da madrugada
Onde atrevida te busquei em sonhos
Entrego-me agora como nunca
Num pensar agonizante como as letras
Que escapam de minhas mãos sem eu querer
Desenhando o fogo que nos faz arder
Nessa solidão sem fim, sem começo...