A dona do rio.

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Se eu pulo,

o rio me absorve o medo

então eu sou o rio

e o rio é o meu tombo no escuro ,

e eu sou a minha queda,

meus cabelos, minhas crias

no salto para o alto de mim mesma.

Se eu me lanço e caio,

sou sombra e trevas,

já não me pertenço,

Já não lhe pertenço.

Sou a entrega e o basta.

E se meu coração foi esmagado

pelas mãos estúpidas e assassinas de três

ou quatro parcas,

já não nos importa.

Eu o reconstruo parte a parte, fio a fio,

e até do inferno faço do tecido um jardim.

Pois a morte já não me pertence.

Porque eu pertenço ao trânsito do rio!

Ao amor escasso e humano,

rompendo o bloqueio das pedras!

Eu pertenço ao delicado sentido do bem!

Minha violência é água, não represa o amor

e o coração do mundo é um só. Tomba. Manifesta.

Não se pode esmagar uma mulher com uma derrota.

O rio corre – desalinha – é doce e perigoso,

de correntes e volumes,

lágrimas todas dos silêncios amargurados de mãe

- molhando de margens, as teimosas, as teimosas,

que sopram, espumam, alimentam

de esperança outros e tantos e tantas coragens

de escudo o livre.

E o que for da vida

segue serpente

no rio, no rio... e rio...

que já o vejo daqui.

Patrícia Porto

Patricia_Porto
Enviado por Patricia_Porto em 03/03/2012
Código do texto: T3532960
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