MEIA NOITE...

Meia noite...parada de tempo... trevas,

Escuridão borralheira invandindo a Terra.

Breu, sem lume, nem sapo, nem vagalume,

Nada interfere na súbita transformação.

O dia morreu, veste-se de luto a atmosfera;

Farfalha os galhos em silhueta que se esmera,

Ao vicejar na hora erma, a assombração.

Todo negror silente fluindo baixa

Por sobre a sombra que impera e já se encaixa

Deixando o brilho esmaecido cortado em dois.

Silêncio lúgubre viceja em todos os espaços,

Cobre-se fugas, entorpece-se os passos,

Mata-se o "mero" para enterrá-lo depois.

Fim da nitidez... apagou-se sem rugir.

No indecifrável viu-se a luz plena fugir

E a noite se espalhar, como dama anfitriã.

Pelas mãos feitas de negra meia, solfeja,

Se desdobrando em pedaços que rasteja

Vai se orquestrando a letal hora pagã...

Não quer júbilos, quer nada em sua pegada,

Para possessa estancar a madrugada...

Dá aos minutos malgrada censura vã.

Corre a romper com a fúria dos desditos

O alto sopro da boca de olhos fitos

E abastecer-se no retorno do amanhã.

Rose Arouck
Enviado por Rose Arouck em 20/01/2007
Código do texto: T352973