MEIA NOITE...
Meia noite...parada de tempo... trevas,
Escuridão borralheira invandindo a Terra.
Breu, sem lume, nem sapo, nem vagalume,
Nada interfere na súbita transformação.
O dia morreu, veste-se de luto a atmosfera;
Farfalha os galhos em silhueta que se esmera,
Ao vicejar na hora erma, a assombração.
Todo negror silente fluindo baixa
Por sobre a sombra que impera e já se encaixa
Deixando o brilho esmaecido cortado em dois.
Silêncio lúgubre viceja em todos os espaços,
Cobre-se fugas, entorpece-se os passos,
Mata-se o "mero" para enterrá-lo depois.
Fim da nitidez... apagou-se sem rugir.
No indecifrável viu-se a luz plena fugir
E a noite se espalhar, como dama anfitriã.
Pelas mãos feitas de negra meia, solfeja,
Se desdobrando em pedaços que rasteja
Vai se orquestrando a letal hora pagã...
Não quer júbilos, quer nada em sua pegada,
Para possessa estancar a madrugada...
Dá aos minutos malgrada censura vã.
Corre a romper com a fúria dos desditos
O alto sopro da boca de olhos fitos
E abastecer-se no retorno do amanhã.