pego carona no prego
     que esfrego sangue
     que fura homem
     na praça do bonde.

          pego carona na lona
          que me entrego e sigo
          chão batido de limão
          azedume que explode
          e cai na contramão.

     pego carona na cama
     do faquir da feira
     desossado sem pele
     que adormece...
     p'ra não sentir.

          pego carona na cara da lama
          ao ver a dor do tempo passar
          ao ver a dor dos desgraçados
          alados, a nado, sem água...
          ilhados na piscina da ilusão.

     pego carona na estrada
     fico mutilado e aprisionado
     nas ferragens do medo.

          pego carona de ida sem volta
          na esquina da revolta
          ser verme ou leão
          na insigne podridão.

     pego carona no corte
     na boléia da morte
     que s'encarrega
     na vez do trote
     quedo e forte
     sem holofotes.



Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 01/03/2012
Código do texto: T3529192
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