O Homem de Neanderthal
Quando cair a chuva
E desabarem-se as montanhas para o mar
E resistir apenas o que tem a rocha como base
Quando os pássaros não mais anunciarem a aurora
Quando descerem-se as cortinas
E o que era segredo eis que será revelado
...Pobre humanidade
Passos trôpegos, olhos vacilantes
Seguindo em labirintos de tempestuosa escuridão
Quando a inocência não mais trilhar teus tortuosos caminhos
Quando a ojeriza fortalecer o renegado
Quando teus pés, desclaços
Seguirem cambaleando débil corpo
Em decadente dança esquelética
Na desértica aridez do solo castigado
Sob os implacáveis rigores do sol
Em delírios de prazeres que afligir-te-ão
Pois ora são anjos, ora são demônios
De pronto clamarás pelo beijo da serpente
Que certamente inocular-te-á a alma de tão árduo sofrimento