Oração à Divina Morte
Por quê? Por que tem que ser assim?
Um verde profundo encobre meu corpo
Uma lama pútrida escorre sobre meus ossos
Um cheiro quente exala das minhas entranhas.
Um suspiro dantes contente e vivo
Vê-se transformado na angústia dispersa
De um corvo faminto e fugaz
Seus bicos são navalhas ávidas por sangue.
Um aroma delicioso para os decompositores
Um gosto irresistível aos vermes eternos
Alimento saudável a estes seres desgraçados
que comem e se deliciam com a sua carne.
Meu túmulo tão simples e feio...
O verde que o recobre é extenso demais
Não há vida para alegrar a minha alma
E nem sangue para alimentar meu corpo.
Aqui jaz um ser insignificante
que morreu e ninguém percebeu...até que...
Perturbasse o meu sonho!
Sua alma vagueia sobre as terras
Pedindo descanso, ansiando misericórdia.
O Porquê eu não sei...
Mas sinto que logo vou saber...
Não importa mais nada...
Sou o que como e esta carne alimentará
muitos seres desalmados.
Amém.