O Abismo

Embriaga-me o gosto do alcaçuz do tolo

À janela inerme do pensamento sujo

Arvorado à culpa de um antigo dolo

Que fustiga minh'alma enquanto fujo.

Percorro, insano, um despenhadeiro vasto

Ruminando os meus velhos ideais de batismo

Na floresta escura do matagal mais basto

Onde se destaca imenso e obscuro Abismo!

Sibila, porém, o mórbido vento gelado

E retorno a mim num átimo, assustado

A beira do vórtice, com a mente revolta...

E ao divisar à frente o negror vasto, suado

Sou vitimado por triste e enojante enfado

ao constatar que o Abismo me olhou de volta!

Nicholas Moreira
Enviado por Nicholas Moreira em 27/02/2012
Reeditado em 27/02/2012
Código do texto: T3522746