O Abismo
Embriaga-me o gosto do alcaçuz do tolo
À janela inerme do pensamento sujo
Arvorado à culpa de um antigo dolo
Que fustiga minh'alma enquanto fujo.
Percorro, insano, um despenhadeiro vasto
Ruminando os meus velhos ideais de batismo
Na floresta escura do matagal mais basto
Onde se destaca imenso e obscuro Abismo!
Sibila, porém, o mórbido vento gelado
E retorno a mim num átimo, assustado
A beira do vórtice, com a mente revolta...
E ao divisar à frente o negror vasto, suado
Sou vitimado por triste e enojante enfado
ao constatar que o Abismo me olhou de volta!