AUTÔMATO

Eram as engrenagens vazias,

Vazio coração nas cordas silentes.

Olhares inertes, em agonias,

Eram eras à meia luz das mentes.

Eram os aglomerados de dentes,

Triturando os desejos d’um amor

Em peças em ferrugens salientes

Rogando se lubrificarem ao ardor.

Era a vida no coração material,

Pedindo milagre de algum mistério.

Era intenso todo fardo lacrimal

Que o corroera todo sentido sério.

Eram vidas, libélulas entre flores;

Eram soltas, agora, presas à mostra.

Cálidas lâminas afiando as dores

Vazando o óleo, no qual se prostra.

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Giovanni Pelluzzi

São João Del Rei, 24 de fevereiro de 2012

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Como despertar o coração autômato

e dar o riso a dentes que trituram;

quem acordará o sonâmbulo

que milagres porventura o esperam?

Sobrou vida por debaixo da ferrugem?

sinceridade da libélula entre as flores?

ou reuniu do mundo toda a fuligem

só lhe resta o visgo em suas dores?

o coração vazio, silente, inerte

joga com palavras, busca um ser perdido

fraco até mesmo no flerte

chaga aberta no peito de quem feriu e foi ferido.

( Luciana Vettorazzo Cappelli )

Querida amiga e poetisa, Luciana, grato pela linda interação ao meu poema. Tens a sábia noção de que a vida continua em gestos em que o amor sempre é o valor de um ser, mesmo em árduas constrições.

Beijo a ti, com carinho.

Giovanni Pelluzzi
Enviado por Giovanni Pelluzzi em 24/02/2012
Reeditado em 12/02/2014
Código do texto: T3516510
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