UMA CENA DE NOSFERATO

Não quero carona em teu caixão,

Nem chegar ao teu céu de veneno,

Prefiro viciar-me, retorcido ao chão,

No vômito de quem está morrendo.

Do que me vale essa pele, os ossos?

As carnes a se decompor.

São efêmeros esses corpos nossos,

Não vivem para sempre, como for.

Qual o consolo? Da luz um unico lampejo?

E o que pedem? A alma que sobra?

Daqui nada se leva, pelo que vejo,

Pra quê o céu e o inferno, essa obra?

Mas...

As vezes penso tristimente

De quando terei que fazer parte

Da dieta da cova e, lentamente

Dividir com os vermes minha carne.

Até o conde Dracúla amaria,

Se ele removesse os males que a velhice traz.

E da Meduza, a boca, até beijaria,

se a morte sagaz, petrifica-la fosse capaz.

E como uma flecha certeira disparada,

Penso ser esse o destino da vida.

Daquele que preferir viver na madrugada,

Ao invés de ser porta voz dessa partida!

Cristiano Leandro
Enviado por Cristiano Leandro em 15/02/2012
Reeditado em 15/02/2012
Código do texto: T3501625
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