Elegia da saudade sem número ( Saudade)
“ ... pois não é assim tão florida, a existência prometida
que depois da vida vêm ... “
Eu sinto grandes saudades
dos tempos de outrora,
quando a vida ainda era realidade
e eu não sofria como agora.
Uma saudade imensa,
eu sinto da minha vida,
esperei uma recompensa,
após a minha partida,
mas foi decepção porém,
pois não é assim tão florida,
a existência prometida
que depois da vida vêm.
Na escuridão eu me encontro,
sem luz, sem nenhum calor,
e eu que pensei que estava pronto,
para partir sem nenhuma dor,
agora estou arrependido,
de um dia ter sentido
o desejo de morrer,
de um dia ter perdido
a vontade de viver
e não me arrepender.
II
E tenho saudade, tanta saudade,
do tempo em que vivia,
quando conheci a felicidade
e senti alguma alegria.
Até da tristeza passada,
guardo uma recordação,
pois ela não pode ser comparada,
ao sofrer nesta escuridão.
Sou sombra, não existo,
não existe o meu corpo também,
mas não sei por que ainda resisto
entre as trevas e sombras
que vão e que vem.
Sem corpo, sem luz, sem calor,
e sentindo grande saudade,
lembro-me do seu amor
e da nossa felicidade.
Lembro-me do seu olhar,
da luz que ele irradiava.
Recordo-me a sonhar
como o seu sorriso alegrava,
e dava grande coerência
a toda a minha existência.
III
Eu sinto grandes saudades
dos tempos de outrora,
quando a vida ainda era realidade
e eu não sofria como agora.
Carrego na consciência
todo o arrependimento,
também ainda lamento,
ter deixado aquele momento,
tomar conta de mim,
e fazer-me procurar o fim.
Queria voltar,se pudesse,
queria que pelo menos uma vez,
vida outra vê eu tivesse,
e seria então diferente, talvez.
Talvez eu ainda pudesse
feliz ao seu lado viver,
e ai então não existiria
todo esse meu sofrer.
E nem sentiria grande saudade
dos tempos de outrora,
quando a vida ainda era realidade
e eu não sofria como agora.