asco e cama
gotas de suor esparsas rastejam
em minha testa
e os lençóis sujos
ora frios ora quentes demais
e a cólera pela falta de
sensibilidade no mundo
que me rasga e me guia
à inevitável solidão
maldito apartamento fétido!
maldita senhoria, com suas
bebidas e seus amantes
e cabelos oleosos
malditas moscas nauseabundas!
que teimam em pousar
em meu rosto e deixar
suas terríveis larvas pelos
pequenos cômodos
impregnados com mofo
as campainhas, os carros
os zunidos zigzagueando
os gatos e os uivos
os lençóis que se estendem quilometricamente
serpenteando por entre minhas pernas
as motocicletas e os gritos
abalroam-se nos piores
delírios oníricos
em formas abstratas e fantasmagóricas
cama e asco
asco e cama
todas as noites quentes