Na madrugada da rede

Na madrugada da rede

Muitos vagam aflitos

Como nas ruas das cidades selva

Os seres da noite são bárbaros

Sedentos por imoralidade

Pois a moral dorme, noite adentro

Com quem faz do dever de respirar, uma lei!

Na madrugada da rede

Você se depara com seres

Dos mais diversos discursos

Depressivos, fanáticos, donzelos!

Tarados, maniacos!

Tão iguais ao demais,

Cansados por estarem aflitos

Na madrugada da rede

Nas ruas sem fim,

Muitos vagam e se escondem

Uns, com segredos inquietos,

Outros, com um poética insonia,

Já outros cumprindo "in natura"

A rotina de uma coruja...

Na madrugada da rede...

Tantos ali pra curar sua sede

Uns procuram se afogar no mar da rede

E há quem procure a rede pra se soltar

Na rede todos compartilham das mesmas prisões

Há quem confunda prisões com paixões!

Na madrugada da rede

Alguns só estão a espera do sono...

Na noite da rede,

Os seres que vagam

São iguais aos seres das ruas

Embriagados pela luz da tela

Felizes por vagarem, enquanto muitos dormem

Na madrugada da rede

Ela parece perversa

E como a mais perfeita das hipnoses

Ela te fabrica por dentro

A tela e a rede, esse lago de narcisos

Só um pouco mais iludidos, com o brilho da tela

Mas ela, a rede, te dá o que quer!

Na madrugada da rede

A rede te deixa melhor

A rede também é um espelho de conto de fadas,

Que responde sempre a resposta que buscas

Mas, não sei se um dia, como no conto, te trairá

Hoje, a rede é o nosso horrendo enredo,

A rede nos rega, de noite e de dia...