Do sonho

Deixa eu te contar do meu sonho:

“Eu vinha correndo, e pulava pedras enormes...

E enquanto eu corria, eu pensava demais

E era quase como um sonho dentro de outro

E tinham pessoas más, e pessoas horríveis

E outras que não gostavam muito de falar

E, quando eu via rios, lagos, açudes, e...

É claro, o oceano...

Às margens, na areia, ou no concreto invadindo a natureza...

Havia sorrisos e crianças, alguns adultos e quase nenhuma verdade

E eu fui me assustando

Daí, percebi que ia acordar

Cocei a nuca, tufos de cabelo voaram

E foi até bonito, mas não foi divertido

Nem vi se era sol, ou era lua

Se era chuva ou calor

Se me angustiava ou me abstinha

Mas era peito e era dor

Dois salves ao amigo que me salvou

Pois certa hora, no sonho, as coisas pareciam ruir

E eu me desesperava, enquanto ria à meia boca

E, de repente, não pensava mais

Foi ficando mais estranho, mas mais real

...”

Acordei, de um sonho tão meu

A minha intimidade está cada vez mais profunda

Quando penso que me acordaram no sonho

Pudera eu dormir por lá

A realidade incerta, perigosa, mas dosada, dos sonhos...

Mesmos os mais nefastos, é melhor que qualquer vida

Um bom motivo já é, por si só, uma boa inteligência.

Daniel Sena Pires – Do sonho (06/02/2012)