Ciclo

Não se preocupe...

O cíclico caminho das coisas prossegue

Inexorável

Inabalável...

Três prédios desabam, pessoas morrem, outras desaparecem e,

Outras se ferem...

Vida após a morte,

Morte após a vida.

E o ciclo da irresponsabilidade continua implacável

Mais cruel que o deserto mais árido

Mais íngreme que o Himalaia

Pessoas repetem erros, falhas e manchas

Em suas vidas percebendo e imperceptivelmente

Deixando rastros pelas memórias do mundo

Deixando silêncios calados e decepcionados

com os fonemas pronunciados em brados

e manifestações de indignação

Não se preocupe

Pais abandonam filhos, filhos abandonam pais

Subtraem mães e afeto, e repetem a velha

estória aturdida de carências e

sentimentos cancerosos

A se desintegrarem diante de fatos novos

que apenas repetem

fenômenos antigos.

Nossa visão turva e míope

Vê apenas o óbvio

Vê a superfície da nata

Mas não sua gordura.

Vê o véu da aparência

Mas não a transcendência.

Vivemos nos fósseis tísicos

A tossir no canto

A fazer trovas cíclicas

De revés em revés

A natureza se faz e refaz

na eternidade de

um tempo.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 03/02/2012
Código do texto: T3478929
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