Ciclo
Não se preocupe...
O cíclico caminho das coisas prossegue
Inexorável
Inabalável...
Três prédios desabam, pessoas morrem, outras desaparecem e,
Outras se ferem...
Vida após a morte,
Morte após a vida.
E o ciclo da irresponsabilidade continua implacável
Mais cruel que o deserto mais árido
Mais íngreme que o Himalaia
Pessoas repetem erros, falhas e manchas
Em suas vidas percebendo e imperceptivelmente
Deixando rastros pelas memórias do mundo
Deixando silêncios calados e decepcionados
com os fonemas pronunciados em brados
e manifestações de indignação
Não se preocupe
Pais abandonam filhos, filhos abandonam pais
Subtraem mães e afeto, e repetem a velha
estória aturdida de carências e
sentimentos cancerosos
A se desintegrarem diante de fatos novos
que apenas repetem
fenômenos antigos.
Nossa visão turva e míope
Vê apenas o óbvio
Vê a superfície da nata
Mas não sua gordura.
Vê o véu da aparência
Mas não a transcendência.
Vivemos nos fósseis tísicos
A tossir no canto
A fazer trovas cíclicas
De revés em revés
A natureza se faz e refaz
na eternidade de
um tempo.