Cantando o Destino da Vida

"Duas vidas, um só destino"

Canto I

Por que as Aves peregrinam?

E por que elas cantam tanto?

A quem tal Canção destinam?

Por que este canoro Canto?

Canto II

Vendo um estelífero Firmamento,

Sigo o Pulsar d'um Engenho ritmado.

Busco, da Vida, ter o Entendimento...

Fazer dela meu Sonho sublimado!

Vendo um cerúleo Mar que, a refletir,

Está da Cor do Céu abrilhantado.

Vou cantando, para não desistir

De tudo que aqui se faz desejado.

E, vivendo um grandíloquo Poema,

Vivendo-o... Pois a Vida é Poesia...

Nesta Brisa tão suave (em dilema),

Busco, na Vida, a vivaz Melodia!

Vou mergulhando neste Mar dourado,

Iluminado por Luz rutilante.

Mãos trêmulas d'um poeta inspirado,

Que cantará Vida em versos falantes...

Vendo um estelífero Firmamento,

Sigo o Pulsar d'um Engenho ritmado.

Busco, da Vida, ter o Entendimento...

Fazer dela meu Sonho sublimado!

Canto III

Da Estrela que resplandece luzente,

Vem a Aurora anunciar um nascer.

Logo após, surge o Sol, manso e languente,

Entregue a sua Arte... A resplandecer...

Os Astros observam tudo, encantados;

Entoam Cantos ternos, abraçados!

Uma Vida a despertar...

Uma Estrada muito longa e brilhante,

Adornada por sublimes Diamantes...

Belígero caminhar!

Qual um Decolar de Sonhos,

Num Alçar de Voo risonho,

Tem a Vida o seu Começo!

Um Mundo de Descobertas!

Éden de Portas abertas!

Uma Existência sem medos...

Deitada em etéreo Berço divino,

A Alma descansa antes do Nascimento.

Esperando às Ordens de seu Destino,

Dorme sobre as Nuvens do Firmamento.

Eis que aprazível Vida é concedida!

A Potência de Deus engrandecida!

Ouço Sons angelicais...

Mães, com Carinho, dando a sua Luz!

Exalta-se aquele Cristo na Cruz!

Música meiga e feraz...

A Luz que ilumina,

Leva-me a Neblina...

Sol esplendoroso!

Canto de Sereia...

Servo que semeia...

Existir honroso!

A Vida é bela!

A Vida é linda!

Abro a Janela...

Beleza infinda!

Lago sereno...

Um Céu pequeno...

Luz do Infinito!

Eterna Paz!

Som que me traz

Compor bendito!

Qual um Decolar de Sonhos,

Num Alçar de Voo risonho,

Tem a Vida o seu começo...

Um Mundo de Descobertas!

Éden de Portas abertas!

Uma existência sem medos...

Canto IV

Oh! Quero cantar meus humildes Versos,

Qual Camões narrou feitos lusitanos!

Desbravando mistérios tão adversos!

Perdendo-me neste escuro Oceano!

Entendendo os Enigmas do Universo!

Já seguindo o Destino dos meus anos!

E, num Encontro crucial de Vidas,

Narrarei duas Vidas mui sofridas!

Canto V

Pedro, assim foi batizado.

Homem entregue ao Trabalho.

D'um Rosto não terminado,

Parecia um espantalho.

Porém, um "Pai Pelicano"

Que, considerado insano,

Como um Pelicano agia!

Dedicava sua Vida

Pelas Crianças queridas...

Pelos Filhos morreria!

A Mulher que ele amava, ardentemente,

Era seu chão... Seu Céu... Seu Paraíso!

Na ardência d'um Amar, tão friamente,

Ardia, nos Lábios, lindo Sorriso!

Gélidas Mãos femininas que, quentes,

Tocavam seus olhos... Toques em guizo.

Se a perdesse, poderia morrer!

Por ela, o Coração fica a bater!

Porém, num funéreo dia,

Tudo em Vida se perdeu!

Uma sombra que dizia:

"Pedro! Seus Filhos são meus!"

Coitado! Perdeu pr'a guerra

O que o mantinha na Terra.

Perdeu a Mulher amada!

E, num funesto Viver,

Saudoso, foi conhecer,

A sua eterna Morada!

Pedro, assim foi batizado.

Homem entregue ao Trabalho.

D'um Rosto não terminado.

Parecia um espantalho.

Porém, um "Pai Pelicano"

Que, considerado insano,

Qual Pelicano viveu!

Ofereceu toda a Vida

Pelas Crianças queridas!

E, de saudades, morreu...

Canto VI

Uma segunda Vida tenho agora,

Trata-se d'uma sagaz cartomante...

Que, no passar dos dias e das horas,

Refaz-se da Ventura mais distante.

Com seus Passos sem Destino

E Espírito peregrino,

Caminha na solidão!

Nenhum Ser por ser amado!

Nenhum Motivo destinado!

Solitário Coração!

Procura a Felicidade,

Encontra vã negridão!

Clareza da Eternidade,

Ausente no Coração!

Na negritude do Olhar,

Um Sonho seu posso achar...

Brilho profundo, escondido.

Um Passado de Ventura

Em que, do Rosto, a textura,

Vive um Passado perdido!

Chega então o previsível.

Sem Dom consigo prever.

Tudo se torna invisível.

E nada se pode ter.

Num fim nefasto e fatídico;

Num fechar de Olhos terrífico;

Abarcou seu passamento!

O que ser parece horrífico,

Na Verdade é tão magnífico...

Vejo um novo Nascimento!

Uma segunda Vida tenho agora,

Trata-se d'uma sagaz cartomante...

Que, no passar dos dias e das horas,

Faz-se da Ventura menos distante.

Com seus Passos, no Destino

E Espírito peregrino,

Caminha na Imensidão...

Certo Ser por ser amado!

Certo Motivo destinado!

Venturoso Coração...

Canto VII

Vendo um cerúleo Mar que, a refletir,

Está da Cor do Céu abrilhantado.

Vou cantando, para não desistir

De tudo que aqui se faz desejado.

Canto VIII

Parece ser pavoroso...

Um Vale de sombras calmas!

Um despedir langoroso...

Um Mar de sedentas Almas!

No entanto, um Lugar tranquilo,

Infindável como o Nilo...

O Lar do Senhor do Espaço!

Um Lugar vasto, superno!

Luzir de Graças eterno!

A Via Láctea que abraço!

Eis o Destino da Vida...

Nunca fora a fatal morte!

As duas Vidas sofridas

Que narrei, na minha Sorte,

Continuam virtuosas...

Tão viventes, radiosas...

No fim de todo Destino.

E, pensando estar morrendo,

Estavam lá renascendo,

A Badaladas de sinos!

Esta aí todo o Mistério!

Esta aí todo o Segredo!

Desponta no Lar etéreo

Aquilo que fora quedo.

O Enigma foi desvendado...

O que vem após... Mostrado...

E, ali, vai-se adormecendo!

O cúmulo dos exícios

É findar dos sacrifícios!

Estamos, no Céu, nascendo...

Canto IX

Entendo porque as Aves peregrinam.

Agora sei porque elas cantam tanto.

A Deus, esta tenra Canção destinam!

Nos Céus, bradam este canoro Canto!

Mas nada vem por Acaso...

Pois o Acaso prepondera!

A explicação que aqui traço

Um puro Milagre espera!

Pois Milagre não se entende!

No Céu, Milagre se estende!

Arco-Íris com Perfeição...

O Orvalho em Pétalas pretas!

Céu noturno com Cometas!

Sinto... Uma outra Dimensão...

"O que há de vir pela frente?!"

Vem um Mundo com Magia...

"A Luma estará crescente?"

Co impetuosa ardentia!

"Mas o que... O que há no outro lado?!"

"Por que este compor sonhado?!"

"Não és dono da Verdade!"

Porém algo que me dita...

Esta Verdade desdita...

É fiel à Majestade!

Oh! Tudo é Verdade, quando

Acredita-se num Deus!

Lá... Mar e Céu se abraçando

Iluminando os Hebreus!

Castro Alves! Ouça o qu'eu digo...

Cante esses versos amigos...

Sei que escreves onde estás!

Vais, com tua árdega Mão,

Compondo... Na Imensidão,

Versos intensos... Na Paz!

Escuto álgidas Canções...

Vem de longe este Pulsar!

Seguindo as Mãos de Camões...

Como ele, quero cantar!

Por que isto, Ave pelicana?!

Comoves a mente humana...

Neste demonstrar de Amor!

Tiras do pescoço torto,

P'ra não ver o Filho morto,

Carne agônica em langor!

Vem, Aurora, Iluminar

O Amanhecer, vem sorrindo!

Que Nuance a combinar

Cores lá no Céu se abrindo!

Vem, Sol! Vem, Sol! Vem depressa...

Que o Dia Logo começa

No Universo, a despontar!

Lua! Levanta-te agora...

Arde! Pois já chegou a hora

De, no Céu, Lua brilhar!

Canto X

E continuo cantando.

Minha Alegria é cantar!

Vou, co'a caneta, dançando...

Em Poemas a sonhar!

E, desvendando mistérios,

Atravessando Hemisférios,

Eu vou num compor sem fim!

Atividade escolhida...

Destino de minha Vida...

Que tanto bem faz pr'a mim!

02/02/2012

*Nas estrofes 7 e 9, o 7º e 10º versos são heptassílabos, os demais são decassílabos.

Estrofe 10: Versos pentassílabos/ Estrofe 11: Versos tetrassílabos/ estrofes 1, 8, 12, 14, 16, 17, 19, 20, 21, 23, 25, 26, 27, 29, 30, 31, 32, 33, 34: versos heptassílabos. As demais estrofes: versos deecassílabos

Innocencio do Nascimento e Silva Neto
Enviado por Innocencio do Nascimento e Silva Neto em 03/02/2012
Reeditado em 19/05/2012
Código do texto: T3477427
Classificação de conteúdo: seguro
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