Alma, corpo e sangue

Um corte no dorso da mão,

um corte profundo,

na alma e no coração.

Tanto sangue vermelho caindo,

sangue ensopando a terra,

tingindo tudo o que existe.

Um corte profundo,

separou a alma do corpo.

E ela se foi. Fugiu

rumo ao infinito,

procurando a eternidade.

Ela saiu e foi pelo mundo,

foi conhecer lugares

e aprender linguagens diferentes!

O corpo sem alma ficou,

e a alma se foi sem corpo,

sem corpo a alma ficou.

Todo o sangue correu

pelo corte aberto nas veias,

todo o sangue se foi,

esvaiu-se e perdeu-se no chão.

O corpo sem sangue e sem alma,

ainda vagueia pela terra,

procurando um lugar,

procurando um abrigo,

para ver passar o tempo e as eras.

A alma do corpo sem alma,

que já conheceu o mundo,

viu lugares diferentes,

novas paragens, paisagens,

novas gentes, outras linguagens,

um dia cansou-se de vagar pelo espaço

e procurara a eternidade.

O sangue do corpo sem sangue

que caiu pelo chão

e tingiu de vermelho

todas as rosas brancas,

cansou de albescer flores

e de ensopar a terra

Mais alem,

o corpo sem sangue e sem alma,

que também vagava pelo mundo

procurando um abrigo

procurando a luz

cansou-se de sua peregrinação.

E no fim,

pelo mesmo corte na mão

a alma, o sangue e o corpo

tudo se funde e se confunde

e torna-se um so.

Um só ser vagando pela terra,

procurando a eternidade,

um só ser, corpo, sangue e alma,

tingindo de vermelho

todas as rosas brancas

de todos os jardins desta terra,

um só ser cansado,

extenuado da lida, da vida,

procurando a Luz,

procurando a Paz.

LuizMorais
Enviado por LuizMorais em 29/01/2012
Código do texto: T3468397
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