MOMENTOS

I

As chuvas pararam

e agora a água

densa e barrenta

rola apressada

no leito do rio.

Rola a água

rolam os galhos

arrancados à força

mesmo com o choro das árvores.

Rola a vida

porque as pedras polidas

na insistência das chuvas

são mais que seixos largados no chão:

são indicadores de que a vida precisa

seguir seu rumo...

II

Um cachorro passa

com a focinheira incômoda.

Guarda breve distância

do dono que caminha atrás.

O menino apressado

caminha à frente.

Não desprega os olhos

do pitt-bull:

tem medo de uma surpresa

desagradável.

As enchentes baixaram o moral

de muita gente.

Foi o presente de Ano Novo

pra quem só viu barranco

dar o arranque

dessa corrida maluca

pela sobrevivência.

A população foi pega de surpresa

pela chuva torrencial.

III

As folhas

das árvores

verdes,

viçosas,

baloiçam

ao vento...

Em seus galhos

um amarelo

canário da terra

(magrelo

de tão belo)

solta o canto

que não emperra.

Por que canta

o canário

à beira do rio?

IV

O canto do pássaro livre

após chuvas de verão

insiste em proclamar paz

e até celebração.

O trinado estridente

ecoa nos ares uns sons...

E do meio das folhagens verdes

o amarelo pássaro voa

espalhando pelo éter

sua canção de esperança.

Só agora percebo o céu

de um azul dantesco.

E no firmamento o sol

que assume seu esplendor!

Jess
Enviado por Jess em 13/01/2007
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