PIMENTA MALAGUETA
Que falem sempre de mim, de inércia morre o boato
Que não fere o meu recato, só descobre a fofoqueira
O rato atiçou o gato, mas fugiu da ratoeira
Por calúnia não me mato, não me agito ou dou bandeira.
Impassível como a pedra, aguento o corte da foice
A trama da macumbeira, o ódio das infelizes
Invejas, males, quebrantos, ameaças e deslizes
Diz-que-dizes das comadres, que como mulas dão coices.
Não me amofina a tramoia, tudo rui frente ao meu jeito
Tenho até pena das bobas que se prendem por bobeira
Que perdem tempo da vida querendo me dar rasteira...
Minha altura aqui se mede por meu ser pequeno e afeito
Ao que é simples e sereno sempre escudada de tudo
Nessa paz que me aquieta pois com a fama não me iludo.