Asas Negras
Através de léguas caminhadas
Sob vento, sol e noites iluminadas
Por caminhos assustadores
E pântanos com terríveis odores
Onde névoas espessas visões turvam
E lobos vorazes uivam
Pra onde toda essa terra termina
Viajei o tempo de nove luas
Entre corvos, sombra e chacina
Campos úmidos, de mãos nuas
Sob as areias do tempo caindo
Vejo presente e passado
Cruzarem um salão iluminando
Alto, divino, adornado
Onde o presente e futuro colidem
Sombras temíveis residem
O livro de presságios trágicos
Com páginas amarelas
Vislumbrado por olhos mágicos
Contém profecias não tão belas
Manuseados por mãos mágicas
Transforma-te no senhor das trevas
Envolto em penumbra, isolado
Enquanto sua voz negra ribombava
Eu trêmulo, apavorado observava
Aura divina em seus olhos
O deus da perdição e dos mortos
Seu império de sombras governava
Mestre dos caídos e abandonados
Senhor das tempestades
Manifesta espíritos assombrados
Escurece os céus
Trás trevas a nossa realidade
Com sangue nas mãos
Escurecidas e trêmulas em orações
Pulmão ardendo, respiração pesada
Uma cruz riscada com a sangria
De um corvo negro, ave amaldiçoada
Eu rompo o selo e cancelo minha alma vazia
Uivos ecoam pela sala
Ouço gritos e sussurros
O frio extremo minha voz cala
A mesa de pedra se rompe com meus murros
O som do vento agora é apenas uma canção
Invocando os fantasmas da perdição
De meus mestres, não consigo mais ouvir o chamado
Que antes constantes permaneciam ao meu lado
Mares de fogo se contraem e se expandem
Sob meus pés, por onde quer que andem
Nuvens negras exalam medo
A cada bater de minhas podres asas
Tempestades escurecem e tornam o céu negro
Com um mero movimento dos meus dedos
Olhos tolos que espiaram as páginas
Agora vislumbram o terror de ser eterno
Olhos que antes vertiam lágrimas
Derrubam sangue cor de ferro
Minha voz ecoa sofrimento eterno
Tenho a alma fria da cor do inverno
Meus desejos libertam os Barões do Inferno
Enquanto surgiam eu tremia apavorado
Feras distintas ajoelhando lado a lado
Aura divina em meus olhos
Sou o Deus da perdição e dos mortos
Meu império de sombras eu governo
Mestre dos caídos e abandonados
Senhor das tempestades
Manifesto espíritos assombrados
Escureço os céus e bato minhas asas
Trazendo trevas a sua realidade.