Chacal
Costumava sempre alimentar-me de teus destroços, minha ceia era farta. Deliciava-me com teus restos, com teu cadáver. Ah que tempos saudosos!
Agora padeço por causa dos seus cuidados, estás vaidoso. Agora toma banho, se alimenta. Isso me deixa agoniado!
Como amo as guerras! Mesa farta, variedade de carnes, todas deliciosas. Podia escolher a refeição, repousava após todas elas. Tempos de fascinação!
Hoje estou fraco, passo fome! Espero ansiosamente por teu falecimento, onde resido levam dias até alguém morrer, durante esse tempo apenas lamento a paz e os bons tempos. Queria a guerra novamente, odeio os diplomatas, eles não matam nem deixam vocês morrerem.
Preciso de tuas crianças, dos teus jovens. A carne dos anciões é ressecada e dura, murcha, não tem gosto. Hoje enterras teus mortos e eu não gosto dos animais, estão sempre quebrados, acidentados. Só me resta murmurar!
No final sei que só sirvo para ser enojado, afinal só me interessas quando estás morto, tua vida não tem valor para mim. E acabo por me tornar cadáver e alimentar meus semelhantes com meu corpo sem apetite, sem desejo. Por tua culpa morro assim, por isso te odeio.