Na vertigem da noite

Na vertigem da noite as vozes não se silenciam;

se repetem, dia a dia, como todos os dias.

Essas vozes, dor e morte; um sofrimento do passado.

Essas vozes, o que são? Tampouco importante;

São gritos, sons e mais sons e mais gritos. Talvez, sussurros dos mortos.

(diferença degolam trabalho qualquer mercadoria

vitoriano meninos determinada passado)

Às vezes, as coisas, aparentemente, não tem sentido; são retalhos de algum jornal ou livro.

E você chegou com aquele passo calmo – como se chegasse da padaria trazendo o pão -, com aquele passo que escondia detrás das mãos algumas ferramentas – alicates, chaves –, embora hoje fossem livros, dicionários e atlas; essa a imagem que me fez.

(todas pensamento circulação palavras elegemos dão uma voz)

Naquela ocasião, meus dedos tremiam; se dobravam ante à ventania das vozes que interrompiam o silêncio. Minhas mãos tremiam; uma necessidade única de estalar os dedos. Estalava-os.

(conteúdo socialismo igualdade relatórios preciosos havemos)

Sentei-me; sem avisar. Ao lado, uma desconhecida. De pouco em pouco, meu olhar deitava sobre tua face. E ainda o silêncio. Estávamos em um ônibus. Lia algum livro; seus olhos acompanhavam meus dedos sobre as linhas. Eles não tremiam. As vozes se calam diante do vertiginoso espelho de palavras; a leitura me acalmava. E olhando as letras via seu rosto. Olhos castanhos. Uma calça azul, uma blusa rosa, uma sapatilha. Chegamos. E rompendo o silêncio – as únicas palavras dentre as muitas conjuntamente lidas: “Você vai descer aqui?”. E se foi.

(portador da correnteza administradores prefácio cheiro vida)

Estava no cadafalso; recorrentes infelicidades organizadas. E catalogadas em alguma parte de alguém; memórias. Provavelmente, poeira – a cinza se esfacela com o vôo de qualquer pássaro.

Atrás da janela, uma estonteante noite à espera; um mar de momentos e devaneios.

E cá meus dedos tremem.

Gabriel Furquim
Enviado por Gabriel Furquim em 05/01/2012
Código do texto: T3423086
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