O Encontro
Veja quanta incerteza saltando de seus olhos
Na hora de segurar a mão da liberdade
Para além do mundo real
Sonhos deixados na entrada,
O medo diante do chamado da guerra
Vivendo na febre, é o fim da infância!
Enjoado desse fardo
Pela esquerda e pela direita
Máquinas do poder a manipular suas ações
Tornando uma eterna incógnita seu papel no universo
Não pense que é o único com esses sentimentos
Não pense que está sozinho nesse barco
Não pense que não conheço você!
Não que você se importe, duvide ou rejeite
Estou sempre bem acomodado
Neste canto de seu inconsciente
Pois eu sou a necessidade sempre constante,
A indispensável mentira que você precisa contar
Olhe dentro de meus olhos
Contemple a arena do infinito confronto
Entre felicidade e tristeza
Veja sua vida incompartilhável
Anos dourados mergulhados em lama...
Veja-se preso a correntes de miséria
Estou sempre ao seu lado
Quando a dúvida domina sua cabeça
Desbravando-lhe os melhores caminhos
Oferecendo-lhe as mais fáceis saídas
Pois saiba, eu já estava em você
Antes mesmo de você chegar
E estarei ainda com aqueles que suceder-lhe-ão
Assim, eu sou a única traição que sua honra tolera
A mulher sempre presente em suas memórias
E que seu coração recusa-se a deixar de amar
Aquela que em seus sonhos, em seus braços adormece
Sou aquele que você mesmo elegeu
A contrapartida de todos os tormentos em sua mente
A mão que fecha seus olhos na hora de dormir
E o bizarro prazer a flutuar em seus miasmas noturnos
Então eu sou o prêmio de seu sacrifício
A paranóia impulsionando sua razão em busca de respostas
O único guerreiro a encarar o relâmpago e desafiar o trovão
O unicórnio está no fim do arco-íris
O cego na torre é o guia para o horizonte
Que seu espírito almeja alcançar
Não se apresse ainda em conhecer a eternidade
Afinal, para aquele que apenas a alma tem a perder
O que poderia restar além da morte?