FOTOGRÁFICO RESQUÍCIO
Comprei uma máquina pra fotografar
O mundo com a lente dos meus versos
E em cada resquício de terra e mar
Haverá uma sublime série de universos
Imiscuídos nesta minha alma velejante
Perdida no tempo e no espaço,
Como simbiose de um vácuo adiante
E radiante no simples e etéreo laço
Existente apenas entre tudo e nada....
Sim, comprei uma câmera pra fotografar-te,
Amor eterno, meu terno e irremediável vício,
Tu és a mais lídima razão de toda a arte
Tu és o êxtase de uma aurora sem resquício
Em todo o ângulo da mais bela paisagem
Pintada por Deus no réquiem do interstício
De quem eu nunca fui, nem serei, nesta viagem
Chamada vida, sonho, o ápice do edifício...
Ouso confessar que nem queria ter nascido
No fino átimo desta suave e insana brisa,
Mas procurando algum mínimo sentido
Descobri apenas que Deus me fez poetisa
Pra fotografar o mundo com as lentes
Multifocais de meus versos míopes, imperfeitos,
Em meio a sentimentos tão vorazes e prementes
Das palavras que transcendem meus defeitos
E que transcenderão também minhas sementes
Enquanto houver jardim na minha estrada,
Enquanto houver calor, tal como fogo de artifício
Irradiando paz, perseverança transfigurada
No amor, meu único e irremediável vício.