O Anjo da Gênese

"Em certos olhos não se capta a verdade, porquanto melhor é que lá oculta permaneça" [Isaque]

Teu canto é como o orvalho

Agraciando o ar ao meu toque matinal

Tua existência é a degradação de minha carne

Em lágrimas que o tempo congelam

Quem há de acariciar esta face

Grotesca tal como a natureza de teu jogo?

Pois minha divindade não habita teu panteão

Pois minhas fantasias não rondam teus portões

E não há quem contra ti possa

Sempre apontando, ao fio da espada,

Brilhante solução sob a toga de Supremo Juiz

Majestoso é o teu vôo

Nas alturas, aprecias a companhia das águias.

Rememorando nos anais do tempo

A trajetória de minha queda

Ovelha desgarrada de teu rebanho, eu sou

No alto da montanha

Vendo o sol que no horizonte partia

Como uma chance, esperança que se perdia.

Vivendo por amaldiçoar o árido solo

Retentor do sangue que comprou minha desgraça

Deixando-me implacáveis corvos

A dilacerar minha sanidade

Ansiando o momento até que tua piedade

Entregue minha decadência

Ao abraço do eterno descanso

{Isaque – 02/01/07}

Isaque
Enviado por Isaque em 08/01/2007
Reeditado em 28/03/2007
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