MEMÓRIA SELETIVA

Quero renascer de novo rasgar o véu da placenta

Sair deste órfico ovo, deixar a estrada de teu ventre

Como a semente bastarda

Que ganhou a venta como paisagem...

Como um querubim de fogo

Moí-me nos versos dos rios leiteiros

Lácteas rimas, naufragado no leito

Memórias seletivas tato de efeito

Terreno perigoso de adentrar

Túmidos e enrijecidos de cheirosa espuma

Em praias espraiadas de ondas saltitantes

Embalado pela sereia alvejante

Em busca de uma centelha divina

Que me cantava no dorso de seu peito...

Quero renascer de novo na madrugada de teu ser

E que ela me entregue na bandeja fria do mundo

Com direito a um novo amanhecer.

Na espádua nua de um céu celestial

Adormecer com vizinhas estrelas de novo

Mais desta vez acordar devorando o ovo

De tuas inúmeras fases nuas

Devorando o queijo e os buracos de tua louca lua

Espera áspera contundente estréia

Neste palco iluminado de quimeras

Monstros concretos ilusórios tetos

Mamas de borracha

Fetos infectados

Lastros e rastros antros quiméricos

Tantos caminhantes

Peregrinos distantes a procura de um Deus encarnado

A espera os alcança como onda os leva e os deixa pra trás

A balança pende para os mais vis

E vamos sempre preenchendo esta terra

Ancorando em torvelinhos aquáticos

Por entre armas e fuzis procurando o continente perdido da paz...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 25/12/2011
Código do texto: T3406241
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