A NOITE DORMIU

A parte que me toca da noite, sob o clarão da lua,

Preguiçosa noite, ficou prostrada sem fazer nada,

Aliás, encostou-se em meu ombro e dormiu – a noite!

E, eu senti todo seu peso, e não havia como acordá-la!

A noite que me coube esta noite estava muito cansada!

Com tanto trabalho a fazer – sua função ante a Natureza,

Nada, só lhe importava a minha companhia – que beleza!

Mas, a noite de outros lugares, a noite lá da rua – sua orvalho!

Suor proveniente de seu trabalho! Quanta função tem a noite!

Serve de manto para cobrir a Criação – o Pai cobre seus filhos,

Para que todos tenham um bom sono,... com as devidas exceções:

Os sonâmbulos, os noctívagos, os que sofrem de insônia – como eu!

Os maus usam o manto escuro da noite para a maldade – ignorantes,

Não sabem que a Noite é dádiva divina e alimento para a alma,...

Quantos segredos guarda a noite, envoltos em seu negro manto!

A noite que me fez companhia esta noite foi muito pesada – cansada,

Dormiu sob mim! E os ponteiros dos relógios, intocáveis – sem presa,

Cantam uma silenciosa música que só a noite ouve e entende – um ninar!

E vai cantando e marcando o compasso do tempo,... O relógio do galo

Já despertou lá no puleiro e a Natureza vai acordando – no Mundo inteiro!

A noite em meu ombro começa a espreguiçar, pressente os raios de sol,..

Eu vou contando mais uma noite de insônia,... produtiva insônia,

Enquanto a noite dormia em meu ombro, fiz este estranho poema,

Mas, eu sei do que estou falando, tenho uma relação de confiança

Com a noite, amigos de longas conversas, cada um conta seu dilema.

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 19/12/2011
Reeditado em 19/12/2011
Código do texto: T3397436
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