Afagos de Uma Rosa

O que pensam as rosas sobre o vento que as sopra sem permissão? Rouba o perfume e espalha sobre o campo verde em nevoa acinzentada, o que pensa o vento da rosa? Nada pensa, ele é sarcaz, impetuoso, seu mistério em que se absorvem fragrâncias diferentes, sabores diferentes, místico como tudo o que é sagrado; divina ilusão de pensar que mal tens inocente, como qualquer planta que nasça, em qualquer lugar, de qualquer forma, invadida pelo mesmo vento, mesmo que não seja bela como uma rosa, nem tenha perfumes.

Como uma borboleta, que já se rastejou, que não tinha beleza, mas que pode pousar nas rosas; rouba-lhe também perfumes, sem permissão. Então o que pensam as rosas sobre as borboletas? ...em seu livre arbítrio diferente do vento, que escolhas têm? ...apenas recebê-la com a alegria matinal que a nevoa ainda não tomou, onde o sol brilha para um límpido céu anil, com pássaros a cantar a sinfonia natural da vida, em allegro piano moço, onde o beija flor cumpre seu rito, de roubar da flor além de perfumes, seu néctar, seu sabor único. Privilegio em conversar com sua amada flor, mas mesmo assim beijar sem permissão; vai embora, mas promete voltar no outro dia para conversar novamente e provar mais uma vez de seu beijo, roubando-o. O que pensam as rosas sobre o vento? Borboletas, Beija flores...