Coração soberano

Não, o tempo não passa e por trás da fumaça

Brasidão do carvão, fogo vivo, dormido

Aparência sutil num despojo de graça

Esperando algum vento, um vulcão reprimido.

Ah, o tempo birrento passou e não viu

Artimanha feliz que brincou de esconder

Bem arteiro e fecundo coração que se riu

Com ofertas do mundo, que não quís, foi viver...

Conseguiu seu intento em sossego e ileso

Leve e solto, traquinas, sem as farpas, sereno

Sem veneno, maldade, liberto e coeso

Ritmado ao prazer que impulsiona o seu rumo

Não perdeu o seu prumo, bate-bate refém

Tão somente do gosto de ser soberano

Passe ano e mais ano, que o detenha, ninguém.

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 20/11/2011
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