Coração soberano
Não, o tempo não passa e por trás da fumaça
Brasidão do carvão, fogo vivo, dormido
Aparência sutil num despojo de graça
Esperando algum vento, um vulcão reprimido.
Ah, o tempo birrento passou e não viu
Artimanha feliz que brincou de esconder
Bem arteiro e fecundo coração que se riu
Com ofertas do mundo, que não quís, foi viver...
Conseguiu seu intento em sossego e ileso
Leve e solto, traquinas, sem as farpas, sereno
Sem veneno, maldade, liberto e coeso
Ritmado ao prazer que impulsiona o seu rumo
Não perdeu o seu prumo, bate-bate refém
Tão somente do gosto de ser soberano
Passe ano e mais ano, que o detenha, ninguém.