PULEI DO SÉCULO**
Perdi minha paciência
com os séculos passados,
arcados sobre si mesmos
e que negam os dias que rompem diferentes.
Perdi minha paciência.
Não há espaço para novos dados no teclado aramaico.
A mente do século está martirizada,
mortificada em vida
e martela inglórias e proselitismos idos.
Perdi minha paciência.
Não me peça mais parcimônia.
Não consigo mais seguir reto.
Estou caminhando torto no fio da navalha.
Perdi minha paciência.
Estou agora fora do contexto, à margem.
Chega de heróis derrotados,
mártires, esforços, forças jogadas fora -
enterrados vivos pelos retrógrados.
Meu peito clama vitórias, pódio e alegria.
Perdi minha paciência
com os arquétipos todos de conduta e postura,
que somados fazem o passado vivo,
ressoando alto e falante,
botando presente tempos medievais.
Perdi minha paciência
com o século que acaba
e a mensagem não chegou aos ouvidos moucos.
Procuras continuam de pé,
mas eu estou fora deste páreo, fora do trilho.
Saio do século com aviso prévio, antes do seu fim.
Perdi minha paciência, caio do mundo agora.
NOV/2000
cp-araujo@uol.com.br