Cacos e inculques
Queria falar d´amores
Das coisas belas vividas
Do sol, do jardim em flores
Das coisas que são queridas.
Queria falar do belo
Da alegria, do que é bom
Mas me deixo em pobre apelo
Que por dor, muda meu tom.
Estrago no meu batom
Maculado o meu sorriso
Façanha não realizo
Trincada imagem do zoom.
Em soluços não contenho
Vejo o meu céu desabar
Durona eu aperto o cenho
Mas não dá pra disfarçar...
Então desabo do engenho
Me deixo a choramingar
Não obstante o empenho
Em minha dor mascarar.
Borrões, vês, no rímel e o cenho
Fechado sem declarar
O meu esforço ferrenho
Em parecer levitar.
Mas com o peso do aço
Vejo a imagem a debulhar
Meu desejo em estilhaço
Feito em cacos, num lagar...