Cacos e inculques

Queria falar d´amores

Das coisas belas vividas

Do sol, do jardim em flores

Das coisas que são queridas.

Queria falar do belo

Da alegria, do que é bom

Mas me deixo em pobre apelo

Que por dor, muda meu tom.

Estrago no meu batom

Maculado o meu sorriso

Façanha não realizo

Trincada imagem do zoom.

Em soluços não contenho

Vejo o meu céu desabar

Durona eu aperto o cenho

Mas não dá pra disfarçar...

Então desabo do engenho

Me deixo a choramingar

Não obstante o empenho

Em minha dor mascarar.

Borrões, vês, no rímel e o cenho

Fechado sem declarar

O meu esforço ferrenho

Em parecer levitar.

Mas com o peso do aço

Vejo a imagem a debulhar

Meu desejo em estilhaço

Feito em cacos, num lagar...

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 19/11/2011
Reeditado em 19/11/2011
Código do texto: T3343894