O Vigia

Face a face com o senhor de todos os destinos

Vagaroso paginar de tantas vivências

As ventosas de sua língua rasgam-me a pele

Natureza humana envolta em miasmas de hidra

Quando nada mais que o solitário canto oferece-nos belo pássaro,

Cá deparamos soberba em sobejo, o incriado em revolta

Maquinações em torno de auricerúleo brilho

Minam os últimos gritos de telúrica força

Mas eis que desabam os palcos da eloquência

E chega-nos enfim a mensagem dos mudos observadores

Irrompendo acima da nuvem negra das mentiras

O supremo vigia revela os ecos da eternidade

Em noites de tempos idos, mil guerreiros cavalgaram sob a lua

O sangue era sua bandeira, o medo, seu arauto

Barricadas e muralhas erguidas, sem tempo para escolhas

O sopro da vida a escapar em eras desprovidas de tentações

Mas as rodas do destino vastos vapores atravessam

E se você fosse capaz de lembrar todos os nomes

Talvez pudesse se aproximar dos limites da metamorfose

Cercando os encantos perdidos nas fogueiras do tempo

Agora a melodia da criação ensurdece os arquitetos da noite

E os olhos de Judas escurecem o rio de Narciso,

Rasteja-se o desejo em tentáculos de quimera

Revelando-nos quão melhor julgou ser Fausto que Mefistófeles

Isaque
Enviado por Isaque em 13/11/2011
Reeditado em 19/09/2017
Código do texto: T3334072
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