MANHÃ REBELDE
Procuro um algo que ainda não sei
por entre esta manhã que ainda não vi
por entre um frio que neblina faces,
chamusca lábios,
arde esperanças...
A manhã se rebela contra a existência:
manhã soturna,
noturna,
que ainda se esconde,
por detrás dos montes.
Manhã que teima em não acordar.
Do sol não há vestígios.
Como também não se vê o clarão
desta louca obsessão,
desejo de existir.
Procuro razão
e no ir e vir da manhã sem sol
improviso um canto
à beira-monte.
E o vento uivando
por entre pedras e árvores
faz chacoalhar o mundo
de uma melodia triste
enquanto assentado sobre o feno
dou um grito profundo
com o dedo em riste
a sonhar com um dia ameno.