SONHO... TALVEZ
Era outono de 2010…
Estava eu debruçada em uma das janelas da linda Lisboa.
Passou a brisa e arrastou-me os cabelos…
Desalinhou pensamentos distantes…
E arrastou-me para o bosque ao pé da minha janela.
Sim… havia lá uma árvore de braços abertos e maternos…
Abraçou-me com ternura e cantou melodias ao meu ouvido.
Melodias ternas com barulhinhos de chuva e canto de passarinhos.
Balançou-me… tal as borboletas balançam galhos finos ao pousarem.
Acalmei. Quem dera poder ficar. Não mais retornar.
Creio ter adormecido.
Ou acordado… não sei.
O que sei… é que estava eu de volta à minha janela.
De novo debruçada… a contemplar a noite já aquecida.
E vi a Lua… que terminava de perfumar com seu hálito fresco…
Um vestidinho de cambraia de linho branco de minha infância.
Levantou-se de seu trono majestoso… Linda… Terna…
Aproximou-se.
Deitou-me em minha cama… E deitou-se.
E velou-me. Aconchegou-me.
E vestiu-me o vestidinho de linho branco…
Com cheiro e jeito de mãe.
Com cheiro de sonho bom.
Karla Mello