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Já pensaste na estrutura
Daquele cubo insosso?
Pensaste no trabalho grosso
Daquela infame gravura?
Deixei-a na parede da sala
Pensando imbuir certa 'gala'
Àquele desenho horroroso...
Pintei com cores apagadas,
Fiz linhas descoordenadas
Para imitar nosso caso de amor...
Acabei deixando sem cor
[Incolor como nosso beijo...]
E fiz tudo para conter o desejo
Que senti à certa altura
De borrar-lhe com negra tinta...
E, hoje, por mais que eu sinta
Algum orgulho daquela pintura
Mais eu disfarço a amargura
Sorrindo triste como antes,
Quando nossas almas distantes
- atadas pelo laço dourado -
Pareciam pássaros ruminantes
Naquele risível quadrado...
Por ora, sentada em NoVa cadeira
Me vejo a ler o jornal
Alimentando a distância abismal
E a oceânica indiferença-barreira
Que persiste entre nós dois.
Pois tu, quieto e entediante,
Continuas assim... congelante...
...cosido à tua amada coleira...
Uma vida inteira certamente é o bastante...