O amanhecer de Corina um dia
Gurupá, 11 de fevereiro de 2007
Corina acordou
Olhou a janela
Um dia tão grato a nascer
Os pés descalçou
A Estrela Amarela
A fez prontamente correr
Correu, passou pela porta
Deu vida à poeira antes morta
Correu, acenou pro cachorro
Correu olhando pro morro
Saltando por cima da pedra
Sulcando de paz sua terra
Correu, arrumou a varinha,
Sorrindo, assustou a galinha
E foi tão veloz
Rompendo o dia
Que levantava as flores
Passando por nós
Suando corria
No ar perfumava os odores
Correu ao lado do vento
Perdia mas bem a contento
Correu por cima da serra
Espantou a fera que ferra
Saltou por cima do mundo
Pisando, enterrando bem fundo
Correu, bagunçou as estrelas
Suas vestes, tão belas, singelas
Corina acordou
Do sono que vinha
Pois tinha voltado ao seu ser
O espelho olhou
A Estrela Sozinha
Disse-lhe que voltasse a correr
A correr
A correr
Correu, passou para a rua
Deixando a maldade lá nua
Correu, espocando as luzes
Juntando dos outros as cruzes
Saltou por cima da ponte
O esgoto, a fome, a fonte
Correu chamando o Universo
Pra vida, pra lida, pro verso.