“Ao meu pai”
Olhos miúdos; de um azul perdido!
Mistério revelado;
Na trama, das tuas mãos duras;
E nestes teus dedos encarquilhados.
Teu sorriso curto; revela a quietude,
Da tua alma serena e encadeia tua onipresença,
Sempre permitida pelos teus amantes.
E tu te revelas no abraço que me dás,
Sou o que sou neste corpo que tu conciliaste:
Ossatura e ternura – imponência e caricatura.
Tua sisudez presente,
Revela teu passado de terras aradas e montanhas azuis:
Vistas de longe e de perto.
Teu corpo arqueado e teus cabelos dourados,
Traduz o legado que me deixas: A raça em cabocla tez!
Deixarás tuas memórias:
Nas frutas colhidas, somente se tiverem de vez.
E nas terras movidas, enriquecidas com os sabores da tua faina.
Nas tuas estórias, de façanhas de teu papai José,
E nos peixes no balaio, a medida de passar o dia.
Deixarás teu suor nas rochas trituradas
Das indústrias e na cerviz do cais!
O tempo passa, tu já não sabes;
Para que servem tantos arranjos
Para as coisas simples,
E eu não sei se sentirei saudades
Quando fores para tua mãe
“loura como os trigais maduros”
Ou se chorarei de entusiasmo
Por saber que dista o céu o tempo curto
De uma vida bem vivida!
Na foto: O enlace de tantas vidas.
As netas de seu Pedro Cesario do prado
meu pai!