CAPTURANDO A TARDE
Medos que navegam mares lisos
no peito um calafrio
na rua parada e quieta
da tarde que finda
um grito será um sinal
um rito
o inatingível
o incompreensível
Paisagens que se retraem
e nossos sentidos alertas
tudo que é dentro também é fora
nossas folhas secas estalando
e a qualquer momento
um incêndio
e vida afora
somente o silêncio da vigília
o espreitar dos dias
somente...
A vida se desenha e se colore
a ferro em brasa
e não fica a jeito de remendar
que os cortes que o tempo dá
são rentes
não fica borda
para alguma costura ou reparo!
Ah, ventania das horas...
enrugando a flor das águas
nervuras de eternidades
apenas presumidas...